Crônicas do Paraíba #1 - Fim da linha. (pt.1)

Posted: terça-feira, 8 de fevereiro de 2011 by Paraíba in Marcadores:
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Além de analisar os problemas do nosso dia-a-dia, eu também curto escrever contos e crônicas de vez em quando, e resolvi pública-los aqui. Esta seção vai se chamar "Crônicas do Paraíba". Boa leitura e espero que gostem!

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Não aguento mais ver "O senhor dos Anéis" nessa porcaria de televisão.

Mas se bem que, tudo que passar nessa porcaria de TV a cabo plano simples vai ser melhor do que sair lá pra fora.

Quanto tempo faz mesmo? Quatro dias? Duas semanas? Um mês? Não consigo lembrar.

Não consigo lembrar da última vez que saí desse quarto.

Foi uma decisão difícil. Fazia sol nessa cidade maldita, algo raríssimo. Odeio essa maldita cidade de interior, sempre sonhei em morar na capital. Não que isso fizesse diferença, tenho só dezesseis e e ainda não mando na minha vida. E desorganizado do jeito que eu sou, acho que nunca vou mandar. A propósito meu nome é Carlos. E isso não faz diferença nenhuma na minha história.

É claro, foi tudo por conta de uma garota. Seu nome não interessa. Só o que interessava era os olhos. Quando eu falava com ela, os olhos dela brilhavam e seus músculos se contorciam em um sorriso divino, perfeito. Nada mais interessava se não fossem aquelas duas pérolas castanhas que me fitavam.

Eu conhecia ela a bastante tempo, mas nunca foi mais que uma daquelas amizades simples, onde nenhum é melhor amigo do outro e nenhum dos dois se importam com isso. Tudo mudou em uma festa, de uma amiga em comum nossa. Não preciso entrar em detalhes, mas não, nós não ficamos. Na verdade ela nunca soube o quanto eu gostava dela.

Eu só sei que depois daquele dia, aqueles olhos começaram a me perseguir. A simples menção do nome dela já me dava calafrios e olhar para uma foto dela, pior ainda. Mas conversando com ela nada disso acontecia. Soava tudo tão natural e era isso que eu tanto amava nela. Ela não era daquelas pessoas extremamente melosas na internet ou no telefone, e frias ao vivo. Só a sua presença emanava um calor natural, o que contrastava com sua pele clara.

E hoje eu estou aqui, preso por um amor que eu mesmo fomentei e cheio de dúvidas. Por mais que eu me ache pouco pra ela, sempre existe a pequena possibilidade de ter acontecido. Mas eu nunca falei com ela. E agora o fato deu estar de férias me ajuda a me manter preso nesse quarto, que antes era um refúgio, agora é uma prisão. Meus pais obviamente estão viajando, acreditando nas mentiras que eu conto no telefone. Não me importo em mentir. Só me importo com ela.

Ela vai viajar hoje pra praia. Fiquei sabendo por intermédio de amigos meus antes de me trancar aqui. Se eu não me engano ela vai pegar o ônibus das 22:40. São 21:00 agora. Ela mora longe e eu não tenho como chegar até a casa dela.

Droga, por que você foi fazer isso comigo?

Por que você foi existir, só pra me torturar?

Não.

Eu não mereço isso. Nem ela merece o que eu tô falando.

Chega de alto-tortura. O tempo das dúvidas acabou.

Eu tenho 01:40 para atravessar a cidade a pé. E farei isso, nem que seja para ouvir a sua risada, nem que seja para ver os seus olhos perolados. Nem que seja pra ver a terrível cara de reprovação dela quando eu disse a verdade.

Eu farei isso por ela. Por que só ela me move hoje.

(continua. Adios e comemorem antis)


1 comentários:

  1. Unknown says:

    Tu sabes que eu tenho uma grande preguiça de ler qualquer coisa que passe de 3 linhas. Mas eu também sei que tu escreves MUITO bem. Não me importei em ler todos os posts do blog.
    Tá de parabéns, cara. Gostei bastante de tudo aqui! Tens a minha aprovação, já pode continuar a postar. haha
    Espero ver meu nome mencionado numa futura postagem (e logo mais na dedicatória de algum futuro livro). :P
    Abraços do seu amigo carismático, lindo e legal, Bicio.