O
título não é à toa
Com
todo o perdão da metalinguagem
Sinto
o beliscar gélido, racional,
De
minha boca a me morder.
Gelo.
Razão.
Ponto.
Tenho
sim, uma métrica irreal
Querendo
explodir feroz do meu peito
Destruir
minha carne.
Verbalizar
minha tristeza.
Não
quero, muito
Ser
o boticário ilegal, desregular
Que
envenena os anseios dos clientes.
Serei,
eternamente, meu próprio consorte
Esperando
a viuvez.
Vestindo
o negro do luto enquanto rio
De
meu próprio corpo putrefato.
Eu
que já sonhei o sonho do futuro,
Já
experimentei os prazeres do mar,
E
já tirei a felicidade da cartola,
Hoje
sofro com o realismo que toma conta
De
todo o meu corpo fórmico
A
devorar meu tecido conjuntivo.
Aqui,
nessa câmara mortuária
Onde
violo todos os meus parentes
Nesse
suicídio incestuoso
Que
só me leva a um final.
Final,
após o baixar das cortinas
Essa
amnésia coletiva
Há
de comer a plateia imunda
Que
eu, por muito tempo, lutei.
E
quando o último tomate disparar no palco,
Quando
o rubro sangue dele escorrer,
Não
terão, jamais, me matado,
Pois
eu mesmo me devorei.