Auto falante quebrado.
Posted: domingo, 7 de outubro de 2012 by Paraíba in
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Deitado
aqui nesse
Colchão
de molas em hotel barato,
Por
este paguei apenas alguns cruzeiros
Por
uma noite mal dormida.
Contemplo
tudo o que pode ser contemplado.
A
infiltração nojenta que vem do banheiro,
O
rato que rói a roupa, não a do rei,
Mas
a minha.
A
aliança de bronze que aperta o meu dedo.
Gostávamos
do bronze.
Sempre
fugimos do clichê
Permeado
de prata e ouro.
Fugir
só por fugir.
Correr
só por correr.
Qual
a graça da paixão
Se
nem se pode ser diferente?
E
toda a vez que olho esta aliança,
Não
importa onde esteja,
Lembro-me
daquele sorriso encovado,
De
dentes que ficavam puros e alvos,
Perante
a pele mameluca.
O
cabelo escorrido, liso e negro
Como
a própria sombra que de mim brota.
A
aliança pesa mil toneladas e aperta.
Aperta
o meu anular em memórias,
Aperta
a aorta, a coisa morta,
Meu
coração.
Aperta
por que lembra,
Há
uma noite, antes do hotel, antes do rato.
A
noite em que eu a matei.